Anoiteceu e mais um dia se foi. Ás vezes é difícil imaginar o dia sem problemas, sem o barulho da cidade, sem as chateações do trabalho e o estresse de conviver com o defeito dos outros. A nossa vida é fundamentada na busca de um pão, de um lugar ao sol, batalhamos hoje para usufruir no futuro. Quem garante? A vida não perdoa ninguém, prega peças e muda o jogo quando bem entende. Quem não se lembra dos jovens ideais da revolução contra a ditadura, toda aquela esperança de um mundo fraterno e igualitário? Eles fracassaram... Hoje vivem de terno e gravata atrás de uma mesa com as papeladas do Brasil.
Cheguei a uma conclusão interessante: com toda essa facilidade do mundo globalizado, nós criamos um outro tempo e nada tem a ver com o relógio tradicional. Esse tempo nós não controlamos, não tem ponteiro e nem sequer números. Ele é medido pela quantidade de tarefas que iremos executar ao longo do dia. Se eu tenho muito trabalho, reunião e mil e um afazeres, o meu relógio deveria ter 30 horas, afinal 24 horas é muito pouco para tamanha preocupação com o futuro. Cursos, formações, faculdades, empregos. Para quem é isso? Planejamos, planejamos, planejamos, queremos os melhores empregos, queremos as melhores escolas, queremos os melhores cargos. Como dizem que tempo é dinheiro, então estamos perdendo tempo. Saber viver ninguém sabe, somos imperfeitos, insatisfeitos. Se faz chuva reclamo, se faz sol reclamo, essa é fraqueza do ser humano: ser imperfeito. O tempo sempre foi o mesmo, fomos nós que mudamos com o tempo.
Para Déborah Barros