Circo da Vida


Saiu de casa angustiada. Havia discutido com os pais sem nenhum motivo aparente. Pegou o primeiro ônibus que passou e seguiu sem rumo na esperança de resolver-se afetivamente. Em meio a indagações e pensamentos a garota se vê atenta às palavras de um desempregado. Desempregado vestido de palhaço vendendo adesivos para sobreviver em um picadeiro chamado mundo. Ela resolve ajudar. E a ajuda, um tanto tímida, torna-se grandiosa ao juntar-se às demais moedas de R$ 0,50 acumuladas no ônibus. A garota ri ao perceber a mediocridade de seu então “problema”, mas logo se dá conta de que a situação ali não é tão cômica assim.
No fundo a situação possuía um tom de criticidade e ironia. Percebeu e analisou o momento com mais calma. Pensou consigo mesma. “Todos nós somos palhaços... Apenas não assumimos nossa postura nem pintamos nossos rostos temendo o ridículo”. A sociedade nos faz palhaços. Inegável condição. “Entretemos nossos políticos com gestos um tanto engraçados como nosso ‘direito’ ao voto”. Seria cômico se não fosse trágico. Não resolveu seu problema, mas voltou para casa aparentemente aliviada. Adotou um nariz de palhaço e... Agora só anda de ônibus. Bem mais produtivo.