O lado humorístico das Eleições


Períodos de campanha eleitoral são sempre muito cômicos. Pelo menos até o dia em que o resultado da votação sai e conhecemos então nossos tão estimados representantes no poder político. Para os mesários a alegria acaba ao receberem a temida carta de convocação emitida pela Justiça Eleitoral. Meu caso. Mas enfim. Ainda insatisfeita em abrir mão do meu domingo, consigo me divertir com propostas, slogans e nomes de candidatos que dominam o espaço cedido pelo Governo Federal nos meios de comunicação à curiosa Propaganda Eleitoral. Eis algumas propostas de candidatos que me fizeram refletir bastante:
[Não citarei aqui seus autores por questão ética. Dê asas à sua imaginação.]

- “Todos os ônibus de São Luís possuirão ar-condicionado sem a possibilidade de aumento no preço da passagem”
[Duas hipóteses: Aqui o nosso candidato à prefeitura é dono de todas as empresas de transporte de São Luís;
Temos um candidato Peter Pan.]

- “Farei com que tenha mais ônibus no início da manhã”
[Não satisfeito com a proposta anterior, o candidato acordou às 5h da manhã para gravar seu programa eleitoral e resolveu adicionar essa!]

- “No meu governo haverá passe-livre”
[Preciso comentar? Talvez passe-livre para a polícia...agredir os estudantes.]

- “Academia de graça em toda a São Luís”
[Como vereador acredito que ele deva investir um pouco em malhação na sua cabeça.]

- “Laqueadura e vasectomia gratuita”
[Como ele irá fazer isso ninguém sabe...]

Analisadas as propostas e com dúvidas cada vez maiores sobre em quem votar nessas eleições – que não por acaso apresentam um número considerável de candidatos à prefeitura de São Luís – ressalto abaixo alguns slogans um tanto curiosos, que demonstram o nível de criatividade de alguns marqueteiros maranhenses:

“Contra picareta, vote Machado!”
[É... infelizmente o machado aqui não é objeto... não-manipulável, mas manipulador.]

“É Piolho na cabeça!”
[Para um slogan assim, só mesmo muito piolho nessa cabecinha...]

“Não vote em branco, vote em Vermelho!”
[Bem... Na dúvida vote nulo!]

“Meu número é mais fácil que os outros.”
[Seria 00000?]

“Sem medo de votar errado.”
[Isso... Não tenha medo de votar neste candidato!]

“Não vote feio, vote Belo!”
[Para Einstein, o belo é algo relativo...]

Quando a luta é verdadeira, a vitória tem sabor. Eu só quero Chocolate.”
[Jogo de idéias infeliz...Me deu fome agora...]

E as rimas? Enganou-se quem pensou que eu havia esquecido:

-“Dia 05 de outubro não esqueça! (...) na cabeça!”
-“Não vote em vão! Vote em Pé no chão.”
-“Médico e professor. Seu voto tem valor.”
-“Nome diferente, mulher competente.”

Para meu alívio (ou não) slogans como esses, dignos de destaque na Propaganda Eleitoral maranhense, não se comparam com frases de campanha ditas por alguns candidatos do Brasil inteiro - merecedores de um lugar no poder público pela sua originalidade e vontade de vencer uma eleição. A blogosfera tratou de reunir os 9 melhores da campanha eleitoral deste ano e, aproveitando o ensejo, deixo aqui um pouco mais de entretenimento político:

[A lista a seguir foi extraída do blog: http://castele.brogui.com/2008/09/16/melhores-slogans-de-campanha-eleitoral/]


9º lugar - Guilherme Bouças, com o slogan:‘Chega de malas, vote em Bouças.’

8º lugar - Grito de guerra do candidato Lingüiça, lá de Cotia (SP).‘Lingüiça Neles!’

7º lugar - Em Descalvado (AL), tem um candidata chamada Dinha cujo slogan é:‘Tudo Pela Dinha.’

6º lugar - Em Carmo do Rio Claro, tem um candidato chamado Gê.‘Não vote em A, nem em B, nem em C; na hora H, vote em Gê.’

5º lugar - Em Hidrolândia (GO), tem um candidato chamado Pé.‘Não vote sentado, vote em Pé.’

4º lugar - E em Piraí do Sul tem um gay chamado Lady Zu.‘Aquele que dá o que promete..’

3º lugar - A cearense chamada Debora Soft, stripper e estrela de show de sexo explícito. Slogan:‘Vote com prazer!’


2º lugar - Candidato a prefeito de Aracati (CE):‘Com a minha fé e as fezes de vocês, vou ganhar a eleição.’


1º lugar - Em Mogi das Cruzes (SP), tem um candidato chamado Defunto:‘Vote em Defunto, porque político bom é político morto!’



Minha dica é aproveitar esta última semana para se divertir com o que nossos futuros prefeitos e vereadores falam por aí e, quem sabe, decidir o voto do próximo domingo (05/10/08). Opção é o que não falta. Boa votação a todos.



=)

Crítica - Calunga (Jorge de Lima)


Calunga, de Jorge de Lima, foi uma das poucas obras destinadas à prosa já escritas pelo autor, conhecido por suas poesias “inconsistentes na organização e sem rigor”. A experiência com a prosa deu certo em uma época em que o regionalismo era exaltado e o coronelismo criticado por autores consagrados como Graciliano Ramos. Em Calunga, Jorge de Lima segue a linha dos autores pré-modernistas, uma vez que recria o retorno de um homem à sua terra natal, depois de anos na cidade grande. O título do livro relaciona-se com a existência de um animal muito comum no sertão nordestino: o próprio calunga, tão citado durante a obra. Mesmo fazendo essa referência ao animal, Jorge de Lima dá a entender que a palavra calunga também relaciona-se a movimentos d’água.

Publicada no ano de 1935, Calunga denuncia o coronelismo, a pobreza e o abandono do trabalhador nordestino, denotando assim seus temas regionalistas, suas preocupações políticas e espirituais etc. O romance não carrega o tom de denúncia e nem busca o exótico, possuindo caráter sombrio e com alta densidade poética, algo que não poderia faltar em uma obra de Jorge de Lima.

Ao longo do texto, o narrador limita-se a conduzir o leitor pelos ambientes e pelo interior dos personagens, sempre descrevendo o estado de miséria em que estes se encontravam. A linguagem coloquial possibilita uma aproximação do leitor com a situação dos personagens e uma suposta identificação do brasileiro com a imagem de Lula, personagem principal.

O romance Calunga pode ser considerado uma das melhores obras já produzidas por Jorge de Lima, já que nos proporciona uma leitura interessante e agradável na medida em que contextualiza de forma fantástica o momento político e social em que o Brasil se encontrava no início do século XX. A obra tem valor para o nosso tempo, pois ambientaliza um período de extrema importância para a formação de nossa atual realidade social, política e econômica brasileira. Não merece ser castigado pela crítica posterior à publicação da obra e tampouco deve ser mal visto pelos leitores assíduos de obras fictícias. Faço minhas as palavras do jornalista Carlos Graieb em texto publicado na revista Veja: “Ainda que jamais venha a fazer parte da grande tradição do romance brasileiro, a obra ficcional de Jorge de Lima, que não se acomoda aos cânones de nenhuma escola, é mais que uma curiosidade, e merece ser lida”. De fato.