O Vazio


O vazio é ausência do tudo. Quem sabe. Mesmo com o tudo ao meu redor – pessoas, bancos, ônibus – sinto um vazio. Talvez por estar só em um terminal de ônibus esperando ansiosamente por uma amiga que seja capaz de preencher aquilo que defino como vazio. Todos se olham, mas ninguém se vê. O outro é apenas mais um. É engraçado como esse sentimento de vazio some com apenas uma dose de álcool no organismo ou uma tragada de cigarro. Para muitos esta é a solução. Isso. Apenas uma dose e um trago. Porque não preencher vazios com sorrisos, abraços, beijos, gestos de carinho? Pense ao menos no lado financeiro: sai bem mais barato. Melhor. Não custa nada. Pra você talvez até custe. Uma piadinha sem graça soltada por alguém ou seu próprio censo alertando-lhe estado de vergonha pública. Não entendo como gestos simples como um abraço podem ser vistos como vergonha pública. Na verdade, nessa vida não consigo entender muita coisa. Até me esforço, mas em vão. Eu mesma, muitas vezes, tenho atitudes incoerentes – não irei mencionar aqui por motivos óbvios.
Enfim, voltando ao vazio me deparo com o nada. Nada que para alguns vira tudo ao alimentar-se de dinheiro, bens materiais, promoção no emprego. O tudo como preenchimento do nada se torna vazio, já que nada satisfaz o ser humano, até mesmo o tudo. Não entendeu? Nem eu. Nessa vida não consigo entender muita coisa. O nada é “inintendível”. Diariamente os seres humanos buscam preencher seus nadas, seus vazios. Conseqüência disso? Bares cheios, shoppings lotados e dezenas de computadores conectados à internet. Essa busca em preencher o danado do vazio talvez explique a grande quantidade de universitários que, como eu, comparecem todas as sextas-feiras ao nosso tão estimado ponto de encontro: o Bambu Bar. É. De fato, o vazio preenche a vida de muita gente.
Mais um ônibus pára em minha frente e do outro lado da janela posso ver uma criança de aparentemente dois anos sorrindo para mim. A capacidade que ela tem em transmitir alegria é tamanha a ponto de me fazer parecer uma boba na fracassada tentativa de retribuir o gesto. O ônibus se vai e a criança também. Mas antes de partir ela deixa meu vazio preenchido. Agora sim posso ir para casa. Cheia... de textos, cadernos, pastas e canetas. Mas feliz.

9 comentários:

BebeLL disse...
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BebeLL disse...

..fico pensando aki,na vida como ela eh doida e estranha..algumas pssoas passam por ela e simplesmente nem avisam q tao saindo..outras entram sem saber q serao importantes em nossas vidas..sejam elas pra ficar ou simplesmente soh pra passar um tempo..isso tudo machuca,maltrata..me pego na ctz d q alguma coisa tem d bom nisso tudo...mas dmora tanto isso...as magoas sao constantes...as tritezas sao infinitas....as alegrias sao sempre lembradas...e com uma saudade q nao cabe na gnt...
...
Put'z,tenho medo de conhecer pssoas...nao qro q entrem mais gnt pra sair d uma forma escrota...sem explicaçao...deixando as vezes soh saudades,boas lembranças...outras magoas,tristezas...e coisas ruins... ...

...talvez..VAZIO...ou talvez elas estejam preenchendo este VAZIO...acho q algumas repoem o q as outras pssoas levaram,ou seriam nao dxaram?ou seria levaram?..aaaaaaaah...q complicação...acho q nao se deve pensar mais nisso...viver eh o q há!hahahahhh...

Unknown disse...

O Vazio..

Um dos textos mais realistas e sinceros que li nos últimos tempos..e com livre e espontânea pressão..vim aqui preencher o meu vazio!..xD

adorei o texto linda!..^^

"o vazio não é um sentimento, e sim uma sensação, que é justamente quando temos aquela repentina vontade de fazer "não sei o que".."..AUSHsauhsauASH

;**

Anônimo disse...

bom andrea mas o que seria o vazio, pq preencher o vazio com um copo de cerveja ou com um trago, talvez a pergunta ja tenha sua resposta de cara, o vazio é como a felicidade, os dois sao de momento, nao existe um vazio por completo e nem uma felicidade plena, copo e abraço, trago e sorriso, para o ser humano é muito mais dificil demosntrar algo por alguem "o medo talvez seria a resposta não sei, afinal como tu, tambem nao sei de nada",do que pedir ao garçon um copo de cerveja.

resumindo, bom texto.

Lorena disse...

Andréa e suas perguntas "irrespondíveis"...Mas perguntas assim dão ótimos textos!
A grande graça da vida são justamente esses questionamentos.Afinal de contas, do que adiantaria a vida se nós não aprendéssemos um pouco todos os dias?E uma das grandes lições da vida é preencher esse vazio que todos nós sentimos, cada um a sua maneira...

Unknown disse...

Dando nome aos bois... O que seria esse vazio? kurt lewin descreveu o que ele chamou de ciclo motivacional da seguinte forma:
estado de carência (necessidade nao satisfeita) -> tensão -> comportamento voltado para a satisfação da necessidade -> satisfação da necessidade -> e novamente estado de carência interna.

Esta sensação de vazio que o ser humano sente nada mais é do que um estado de carência interna. E na maioria das vezes a pessoa não consegue identificar claramente o que é essa carência e então passa a tentar supri-la com outras coisas... tipo álcool, drogas e td mais... O resultado disso é uma imensa bola de neve que acaba influenciando diretamente no comportamento da pessoa, pois a falsa sensação de conseguir alcançar um objetivo altera diretamente alguns traços de personalidade.

muito bom o textoo, to esperando os próximos hein parceira! abraço a todos!

Wesley Morais disse...
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Wesley Morais disse...

Como cristão que sou, a esposta óbvia é: todo homem tem em sua essência um vazio de Deus, que busca (em vão) preencher em copos e tragos, pra Lewin - carência interna. Mas Deus nos criou com esse vazio para sermos dependentes e sedentos Dele, incompletos.

Num outro prisma(o mais comum), o vazio nada mais é q o lugar de refúgio de cada homem, o lugar onde pode mostrar-se vulnerável, pode tirar sua máscara e se ver...

Mas o vazio é também o elemento indispensável na construção de uma boa poetiza!

Bju pra tu mulé!
Abraço à todos!

EntreNosNaoDa disse...

O vazio...muitos bloguistas escrevem sobre isto. Estamos povoado de espaços dentro de nós. Parece que ninguem os consegue preencher...ou não do jeito que gostaríamos...
Bem-aja*