Dias de (IN)Segurança Pública
Era uma vez um casal que fazia bodas de prata e estava também celebrando seus 60 anos de idade.
Noite Junina
Acidente no bairro do Cohafuma. Duas ambulâncias. Uma moto caída no chão. Tudo indica que uma pessoa está morta. Curiosos se aglomeram para se compadecer com o sofrimento da vítima que sangra incontrolavelmente em uma avenida congestionada de carros que buscam diversão em mais uma noite de Arraial em São Luís. Domingo. Em noite festiva em que matracas e pandeirões anunciam bumba-meu-boi nos diversos terreiros espalhados pela capital, a atração aqui é outra: o estado agonizante em que o indíviduo acidentado se encontra. Toadas são sirenes de ambulâncias. Brincantes não usam chapéus de fita ou roupas de penas, mas jalecos e sapatos brancos. O palco tem um nome: Avenida Jerônimo de Albuquerque (próximo ao Condomínio do Novo Tempo, após o Multicenter Sebrae). Os espectadores do acidente que agora tornou-se espetáculo são singelos moradores da redondeza que optaram por assistir a agonia humana em vez de lambuzar-se frente à TV e às suas apelações dos dias de domingo. De fato. Desligue a TV aos domingos. Há coisa muito mais interessante acontecendo do outro lado da janela de sua casa.
Sabe o que me chama a atenção?A capacidade que o ser humano tem em se importar com o outro. Seria inútil calcular a quantidade de pessoas que passaram pelo local do ocorrido e que mesmo assim seguiram seu caminho deixando apenas um comentário: "Nossa!Que trânsito infernal!Tudo isso por causa de um mísero acidente!". Perderia meu tempo com algo incalculável. O engarrafamento aumenta a cada segundo. Você deve estar se perguntando: "E você moça?Aonde enquadra-se nessa história toda?". Eu? Sou apenas mais uma que passou pelo local. Observou a cena toda. E em meio a tambores e forró pé-de-serra se distrai em mais um arraial montado no São Luís Shopping. Optei pelo espetáculo junino convencional.